sexta-feira, 10 de maio de 2013

Se deseja tirar partido das vantagens do trabalho em grupo... SAIBA COMO CRIAR UM BOM GRUPO DE ESTUDO

TRABALHO EM GRUPO


O trabalho em grupo, dentro ou fora da aula, pode fornecer melhor rendimento intelectual e é um valioso contributo para a formação da personalidade. Nesse sentido, e apesar das dificuldades, continua a ser uma necessidade, mais do que moda ou mania de certas pessoas.

A aprendizagem exige muito esforço individual e solitário. Mas há momentos em que o estudante ganha mais se cooperar com amigos motivados e responsáveis. Estudo individual e trabalho em grupo não se excluem. Sãocomplementares.

TRABALHO EM GRUPO

·       A escolha dos colegas

A primeira condição para ter sucesso no trabalho em grupo é a escolha adequada dos colegas que vão integrar a equipa. Há ocasiões em que é o professor que agrupa os estudantes e lhes dá todas as indicações sobre os objectivos e a metodologia do trabalho. Porém, muitos professores limitam-se a propor os temas e deixam liberdade para a escolha dos elementos do grupo. São os alunos que se auto-seleccionam e autodirigem, embora possam contar com o conselho experiente do professor.

O tamanho do grupo depende do tipo de trabalho e dos objectivos a atingir. O grupo deve ser suficientemente numeroso para assegurar a realização das tarefas. Em todo o caso, esse número não deverá ultrapassar as cinco pessoas, a fim de permitir a participação activa de todos nas discussões e decisões. Há quem indique o número três como ideal para a maioria dos trabalhos escolares.

Não é tanto o número de elementos do grupo que está em causa. O que está em causa é, acima de tudo, o perfil das pessoas a seleccionar. Sabe-se que, no grupo, as pessoas exercem influência recíproca. Assim, quanto melhor for o grupo, mais benéfica será a sua influência sobre o comportamento individual.

·       Amigos

Quando a selecção depende, em exclusivo, do próprio estudante, a tendência natural é deixar-se atrair pelos amigos. Uma pessoa sente-se melhor e colabora mais espontaneamente na companhia daqueles de quem gosta.
Mas serão os amigos a melhor escolha? Os bons amigos da brincadeira, do convívio ou do desporto farão mais e melhor trabalho? Nem sempre assim acontece, como sabemos. Deste modo, escolher colegas de grupo, com base apenas no critério de amizade, pode ser prejudicial.
Antes de seleccionar um amigo, impõe-se a resposta honesta a perguntas como estas: será ele estimulante ou paralisante? Será ele um apoio ou um empecilho? Com ele, vou subir ou descer de nível? O seu objectivo será ter um grupo para trabalhar ou para conviver? Ele quer trabalhar comigo ou quer que eu faça o trabalho dele?
As respostas a estas perguntas não implicam pôr de parte os amigos sobretudo se eles precisam de ajuda. É uma virtude ser-se generoso e estar-se disponível para ajudar os outros. Porém, é necessário ponderar as opções, para que não haja surpresas desagradáveis.
Na realização de um trabalho sério, os melhores aliados são os colegas
motivados e responsáveis.

·       Motivados

Há toda a vantagem em escolher para cada disciplina os colegas mais
interessados na matéria, o que implica a hipótese de mudar de grupo em trabalhos de disciplinas diferentes. A companhia ideal para um trabalho de Matemática pode ser apenas sofrível para um trabalho de Português.
A companhia dos melhores alunos é estimulante, porque oferece um bom exemplo a seguir. Ao lado de colegas motivados, descobrem-se novos motivos de interesse. A companhia dos bons faz-nos desejar ser melhores.


Para que os alunos fracos não fiquem sempre com outros fracos, é de louvar que os melhores alunos tomem a iniciativa de se unirem aos colegas que mais precisam de ajuda. Fica bem a um bom aluno esse gesto de simpatia e solidariedade.

·       Responsáveis

Deve ser evitada a companhia dos colegas individualistas e irresponsáveis que descansam no esforço alheio. Uns são simples tagarelas que apenas «mandam palpites» superficiais, incapazes de colaborar seriamente no trabalho colectivo Outros têm mesmo a deslealdade de assinar aquilo que foi feito pelos colegas.
Afinal, agem como «parasitas», querendo partilhar os benefícios do grupo, mas não se mostrando disponíveis para cooperar. Empobrecem o grupo. Não merecem confiança. Os participantes responsáveis respeitam compromissos assumidos e procuram cumprir as tarefas que lhes são confiadas. Enriquecem o grupo. Merecem confiança.

·       A realização do trabalho

As pessoas integram-se num grupo tendo em vista a realização de um trabalho concreto, por meio de um esforço organizado.
O trabalho em grupo pode produzir sentimentos de vergonha ou de orgulho.
Vergonha, quando há resultados deficientes. Orgulho, quando o grupo realiza as tarefas com êxito. Para que a cooperação seja eficaz e os elementos sintam orgulho do seu trabalho, é fundamental que o grupo tenha método de trabalho, isto é, saiba definir
objectivos, distribuir tarefas e estabelecer regras.

·       Definir objectivos

Definir os objectivos do trabalho é condição para o êxito. Um grupo de êxito tem objectivos claros, compreendidos e aceites por todos os seus elementos. Tornasse, pois, necessário saber o que se pretende atingir, antes de iniciar a realização de qualquer tarefa, seja ela proposta pelo professor ou da iniciativa dos alunos. Com objectivos comuns, claros e precisos, os membros do grupo cooperam mais facilmente, permanecem unidos e resistem aos obstáculos. Em menos tempo e com menor dispêndio de energias, produzem melhores resultados. Sem objectivos rigorosos, ninguém sabe ao certo para onde caminha. Assim, a cooperação enfraquece e pode gerar-se um clima de tensões e conflitos entre os membros do grupo.

·       Distribuir tarefas

Definidos os objectivos, chega o momento da distribuição de tarefa e responsabilidades entre os vários participantes. Quando o professor deixa liberdade ao grupo, são possíveis três processos para distribuir as tarefas:

1. Cada elemento selecciona um aspecto particular do trabalho que deseja realizar.

2. Os elementos discutem e decidem, por consenso, a divisão do trabalho.

3. Os elementos escolhem, entre si, um líder ou aceitam um que se ofereça, dispondo-se a seguir as suas orientações. Com a distribuição de tarefas, feita na base da confiança mútua, cada pessoa fica a saber qual a sua função específica e qual a função dos seus colegas. É natural que, assim, dê um contributo mais eficaz, sem desperdício de tempo ou de energias. Todos os participantes são chamados a cooperar, de modo activo, empenhado e responsável, para atingir objectivos comuns. Da atitude individual dependerá o sucesso ou o insucesso do grupo.

·       Estabelecer regras

O que aconteceria num concerto se cada elemento de uma orquestra tocasse a música ao ritmo que lhe desse jeito? E o que aconteceria num grupo se cada pessoa procedesse ao sabor dos seus impulsos momentâneos, sem qualquer preocupação com os interesses alheios? Cada um de nós pode imaginar! O equilíbrio de um grupo exige regras. Sem elas fica comprometida a realização de um trabalho colectivo e podem complicar-se as relações humanas. Quando não existem regras «ditadas» pelo professor ou pelo líder os participantes devem estabelecer, entre si, um acordo mínimo sobre o modo de funcionar e os prazos a cumprir. A existência de regras claras e aceites por todos ao contrário do que algumas pessoas julgam, só vem facilitar a coesão do grupo, o trabalho e as relações humanas. Havendo regras, todos sabem a disciplina a que têm de obedecer podem prever o resultado das suas atitudes. Naturalmente, não deve tolerar-se fuga às regras mínimas estabelecidas por consenso. Ao líder cabe, muitas vezes, a tarefa de fazer respeitar as normas.

·       A liderança

Quase todos os grupos organizados têm um líder formal ou informal. Quanto maior for o grupo, maior será a necessidade de um líder.
Nos pequenos grupos, a liderança ou chefia está, em geral, a cargo da pessoa que espontaneamente exerce sobre os outros uma influência directiva que eles aceitam.

·       Funções do líder

Resumem-se em três as funções essenciais do líder:

Motivar o grupo para a realização das tarefas, nos prazos previstos.

Criar um espaço favorável à participação livre de todos os elementos,
 estimulando os tímidos e controlando os faladores e indisciplinados.

Facilitar a comunicação interpessoal, sendo mediador imparcial (não
juiz) nos eventuais conflitos.

Do desempenho correcto da liderança depende a coesão e sobrevivência do grupo e a cooperação entre os seus membros.
A liderança é uma função de responsabilidade que não pode ser confiada a qualquer pessoa que goste ou se ache com jeito para chefiar. Exige-se conhecimento mínimo dos assuntos a tratar, domínio das técnicas de liderança, personalidade forte, capacidade mobilizadora e, acima de tudo, boa relação humana. O líder não precisa de ser querido de todos, mas não deve ser rejeitado por nenhum elemento do grupo.

·       Estilos de chefia

Existem três tipos de chefia: o não-directivo, o autoritário e o democrático. No puro estilo não-directivo, o líder é um liberal que «deixa andar» as coisas. Cada membro do grupo tem liberdade (quase) total para fazer o que quer, quando lhe apetece. É como se não existisse liderança.
No estilo autoritário, o líder é um monopolizador. Concentra em si todo o poder de decisão e controla os outros membros. Exerce um estilo de orientação rígido que não dá espaço à participação livre. No estilo democrático, a definição dos objectivos é feita por todos os membros e as regras de funcionamento são flexíveis. Sem esquecer a sua responsabilidade de «manter a disciplina», o líder apela à participação e criatividade individuais.
Os grupos com uma chefia de tipo autoritário produzem, em geral, trabalho em maior quantidade, mas em menor qualidade, do que os grupos com uma chefia de tipo democrático. Acima de tudo, convirá sublinhar que, num clima participativo o trabalho é realizado com maior satisfação. De facto, os estilos não-directivo e autoritário são fontes de frustrações e agressividade.
Em situações excepcionais, pode tornar-se aconselhável um estilo mais autoritário em relação a um ou outro elemento menos cumpridor, para que o trabalho se realize, dentro dos moldes acordados, sem prejuízo para o grupo. O líder não pode tolerar desvios em relação ao que foi estabelecido e aceite por todos os elementos de um grupo.

No grupo, o diálogo é a única via positiva para conciliar interesses e dar soluçãoa eventuais conflitos. Apenas o diálogo consegue ultrapassar divergências e torna possível o acordo entre as pessoas. Como diz o povo: «a falar é que a gente se entende». Para construir um clima agradável e simpático, vamos lembrar, seguidamente, algumas regras de ouro da convivência humana.

·       Escutar os outros

Um dos maiores segredos da relação humana é saber escutar os outros sem os interromper desnecessariamente. Todas as pessoas gostam de falar e de ter ouvintes atentos e interessados. Aquele que se dispõe a escutar manifesta consideração pelos outros e, desse modo, conquista a sua amizade.


·       Ter autodomínio

O autodomínio é uma força interior que nos leva a controlar impulsos
momentâneos. A falta de autodomínio pode, algumas vezes, magoar os outros e gerar conflitos evitáveis. A comunicação entre as pessoas deve ser aberta e livre, mas é um erro satisfazer o amor-próprio, fazendo ou dizendo tudo o que apetece, sem medir os efeitos.


·       Ser tolerante

A tolerância é a capacidade de compreender e perdoar as limitações alheias, o que implica não ser mais exigente com os outros do que consigo mesmo.
Uma pessoa tolerante sabe que «errar é humano» e, por isso, não censura nem ridiculariza os outros, à mínima falta. Dá sempre uma segunda oportunidade.


·       Corrigir sem ofender

Corrigir sem ofender significa usar tacto e delicadeza, quando temos de manifestar a alguém as nossas discordâncias.
Nada justifica que se agrida ou humilhe outra pessoa, só porque não se concorda com as suas ideias. As ideias podem ser discutidas, mas as pessoas, mesmo as menos simpáticas, merecem ser respeitadas.



·       Oferecer elogios
As pessoas simpáticas não se limitam a criticar o que está mal. Descobrem sempre a forma de apreciar o que é positivo.
Oferecer um elogio merecido é um sinal claro da nossa estima pelos outros. É um incentivo particularmente importante para os tímidos ou inferiorizados.


·       Usar o bom humor

Rir não é incompatível com o trabalho, desde que não se ultrapassem certos limites. O bom humor facilita a comunicação entre as pessoas. Acalma e descontrai nos momentos de tensão.
É sempre bem recebida uma pessoa sorridente e bem-humorada que tenta criar à sua volta um clima de alegria.


·       O êxito dos grupos

O êxito dos grupos não reside apenas no combate à monotonia do estudo solitário. Os grupos de êxito beneficiam o rendimento intelectual e a formação da personalidade.


·       0 rendimento intelectual

Quando duas ou mais pessoas fazem «acordos de cooperação» no estudo, isto é,se comprometem, se estimulam e se controlam mutuamente, o rendimento intelectual tende a aumentar.
Em grupo, os indivíduos interessados ajudam os outros a descobrir novos motivos de interesse. Os membros entusiasmados acabam por contagiar e encorajar os colegas desanimados. Com a sua motivação, «forçam» os outros a subir de rendimento.
Num grupo empenhado, onde cada elemento dá a sua contribuição responsável,surgem sempre novas perspectivas e novas soluções sobre os assuntos, o que permite desenvolver a competência dos participantes.
O simples debate de ideias, a reflexão partilhada, faz progredir a aprendizagem.
Comunicar e discutir ideias é uma maneira prática de consolidar os conhecimentos. De facto, uma pessoa aprende e recorda melhor aquilo de que fala do que aquilo que apenas escuta ou lê.

A colaboração solidária entre alunos com capacidades e interesses diferentes é uma prevenção contra a doença do individualismo e os excessos de competitividade.


Adquirir e aperfeiçoar um saudável espírito de equipa na escola indispensável
para a própria vida profissional. De facto, cada vez mais se verifica que os grandes projectos e as grandes realizações são obra de grandes equipas. O sucesso, hoje, nasce da aptidão para trabalhar em grupo.


·       Síntese


Se deseja tirar partido das vantagens do trabalho em grupo
Junte-se a colegas motivados e responsáveis.
Defina, com clareza e rigor, os objectivos do trabalho.
Cumpra, com lealdade, as tarefas e responsabilidades que lhe forem distribuídas.
Seja um líder democrático, sempre que tiver a função de chefia do grupo.
Estabeleça, com os seus companheiros, regras mínimas de funcionamento.
Cultive boas relações humanas.
Evite discussões e agressões.
Prefira o diálogo para resolver os conflitos.
     
ELABORADO POR : F. ESMÉNIO FERREIRA